Visita real à reserva ianomâmi ainda sem explicações


Dez dias após a misteriosa visita do rei da Noruega, Harald V, à aldeia Demini, na terra indígena ianomâmi, em Roraima, os poucos brasileiros que tomaram conhecimento do assunto continuam sem informações relevantes a respeito, principalmente, as reais motivações da jornada real. Tanto as autoridades brasileiras como a embaixada norueguesa estão se empenhando em manter o assunto em baixo perfil, mas persiste o fato de que o pouco que se conhece do evento sugere um posicionamento quase humilhante do governo brasileiro diante da insistência de Sua Alteza em visitar a terra indígena, mesmo desaconselhado oficialmente a fazê-lo, devido aos recentes conflitos armados ocorridos na área, entre garimpeiros e indígenas.

Uma possível resposta sobre a tibieza de Brasília diante do monarca, talvez, se deva ao fato de que Oslo sejauma das principais fontes de recursos financeiros a fundo perdido para programas ambientais e indígenas nacionais, bem como de doações para ONGs brasileiras de alto escalão que atuam nas duas áreas.


Segundo a Folha de S. Paulo (26/04/2013), diante da negativa real, a Polícia Federal e a Fundação Nacional do Índio (Funai) tiveram que deslocar funcionários para acompanhar a comitiva norueguesa, que esteve dois dias na reserva, no início da semana passada. De acordo com a Funai, Sua Alteza foi conhecer projetos financiados por seu país, entre eles, um sistema de comunicação por rádio nas aldeias. Em 2008, o governo norueguês fez uma doação de R$ 300 mil para ações em saúde e educação para os ianomâmis.

Nenhum órgão federal nem a Hutukara Associação Yanomami souberam informar ao jornal quantas pessoas participaram da comitiva real. A Funai apenas informou que a comitiva real cumpriu "exigências" como a apresentação de atestados individuais de vacinação contra doenças endêmicas e que autorizou a entrada da comitiva atendendo a um pedido dos índios. Por sua vez, a PF confirmou que fez a segurança do séquito real, sem informar quantos agentes foram mobilizados na operação.

Diante do silêncio oficial, o deputado federal Paulo César Quartiero (DEM-RR) enviou ofícios aos ministérios das Relações Exteriores e da Justiça, solicitando informações sobre a visita. Entre os questionamentos, Quartiero pergunta: "Qual é o amparo legal para que sejam realizadas visitas de chefes de Estado estrangeiros a territórios

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