Indígenas paraenses expõem produtos na Feira de Artesanato


Colares, cocares e pulseiras, feitos com sementes e penas nativas, estão entre os trabalhos expostos pelos Munduruku
O líder dos indígenas, Everaldo Manhuary Munduruku, mostra um dos vasos de cerâmica confeccionados pela etnia e expostos na feira
Da Redação
Agência Pará de Notícias
Atualizado em 22/08/2014 14:04:00
Colares, cocares, flechas, pulseiras, bodurnas, cerâmicas e outros utensílios feitos de sementes e penas nativas representarão, durante as Feiras do Artesanato Mundial (FAM) e do Artesanato Paraense (Fesarte), toda a diversidade da etnia Munduruku, a partir deste sábado, 23, no Hangar Convenções e Feiras da Amazônia, em Belém. Quatro indígenas dos municípios de Jacareacanga e Itaituba, assistidos pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) e que representam as diversas famílias indígenas atendidas pelo órgão nos dois municípios do sudoeste paraense, estão em Belém para expor e comercializar o material na Feira.
Com o tema “Do tradicional ao contemporâneo: o artesanato está no dia a dia”, até o próximo domingo, 31, o evento congrega cerca de 70 estandes e 1.200 artesãos em um mix cultural, onde serão comercializadas 44.100 peças. A expectativa da Secretaria de Estado de Trabalho, Emprego e Renda (Seter), organizadora do evento e coordenadora do artesanato no Estado, é que 85 mil visitantes passem pelo Hangar nos nove dias da programação. Ao todo, 60 municípios de 20 estados brasileiros, apoiados pelo Programa do Artesanato Brasileiro (PAB), e outros 23 países terão a sua produção cultural exposta na Feira. O volume de vendas esperado gira em torno de R$ 882 mil.
O líder do grupo, Everaldo Manhuary Munduruku, 40 anos, conta que a expectativa para o evento é positiva. “Nas outras feiras conseguimos uma ótima aceitação dos nossos produtos, tanto que tivemos que aumentar a produção para conseguirmos trazer uma boa quantidade para cá. Para nós, as feiras são sempre uma janela para mostrarmos nossa cultura e nosso trabalho. E a capacitação que recebemos nos ajudou muito a diversificar a produção e, assim, aumentar nossa renda”, comenta Everaldo, da aldeia Missão Cururu, em Jacareacanga. Ele, que há 14 anos trabalha com cerâmica, contabiliza um aumento de 80% na sua produção.
O incremento é resultado de uma capacitação realizada em agosto do ano passado, pela Emater e a Seter, em parceria com a Secretaria de Assuntos Indígenas de Jacareacanga. Segundo o titular da pasta municipal, Ivânio Alenquer, que acompanha os indígenas em Belém, a capacitação mudou a vida das famílias, que agora contam com bom complemento na renda. “Muitas já trabalhavam na área, mas com o treinamento isso ampliou. Quando eles levam para expor, a saída é excelente por ser tudo natural. O retorno de cada chega a ser de R$ 500 a R$ 800, dependendo da produção que o índio levar”, afirma.
De acordo com o coordenador do escritório da Emater em Jacareacanga, Raimundo Delival Batista, cerca de 30 famílias participaram da capacitação. O principal objetivo do trabalho foi diversificar e ampliar a produção, além de oferecer aos indígenas alternativas sustentáveis para se trabalhar a partir de produtos naturais, sem agredir a natureza. Um exemplo disso é que antes os indígenas derrubavam as árvores para pegar as sementes e, agora, eles apenas colhem. Além disso, os materiais produzidos passaram a ter ainda mais qualidade no acabamento com uma máquina para lapidação das peças que foi doada às famílias.
Capacitação
Durante as Feiras de Artesanato, que este ao chega a sua terceira edição, cerca de 400 artesãos paraenses capacitados irão comercializar seus produtos. O diferencial é que todos os artesãos são capacitados pela Seter. Somente no ano passado, cerca de 1.500 trabalhadores foram beneficiados. Este ano, outros 1.800 já receberam treinamento. “Isso é fruto de um programa voltado para o artesão. Mensalmente, a equipe técnica da secretaria vai até o interior fazer o cadastro dessas pessoas e, através desse cadastro, fazemos um planejamento para capacitarmos todos para que a produção possa ter uma qualidade ainda maior”, destaca o secretário Rodivan Nogueira.
Em 2013, cerca de R$ 6 milhões foram destinados pelo Governo do Estado para diversas capacitações, para atender os mais diversos públicos do Estado. Este ano, já no início do quarto bimestre, mais R$ 5 milhões foram aplicados. “Nossa expectativa é de que, até o final de 2014, vamos ter investido cerca de R$ 8 milhões na capacitação da população”, informa Rodivan Nogueira. Para isto, a secretaria conta com diversos parceiros, muitos deles, órgãos do próprio governo, com o Pro Paz, que é o maior parceiro quanto à capacitação e geração de emprego para jovens, e a Emater, em atividades relativas ao campo.
Serviço:
A III Feira do Artesanato Paraense e a III as Feira do Artesanato Mundial (FAM), organizada pela Secretaria de Trabalho Emprego e Renda (Seter) e pela Charp Eventos, ocorre de 23 a 31 de agosto, no Hangar Convenções e Feiras da Amazônia, em Belém. A abertura, neste sábado, 23, será às 17 horas. 
Amanda Engelke
Secretaria de Estado de Comunicação
 
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