Amazônia: Mais recursos, menos discursos
Em 1991, o Governo do Pará, realizou o Seminário Internacional sobre Meio Ambiente, Pobreza e Desenvolvimento da Amazônia o Sindamazônia, no qual foram formuladas propostas de preservação de extensas e importantes áreas ambientais e consequente solicitação de retribuição dos países ricos em investimentos para aplicação em áreas degradadas, com geração de empregos, renda e benefícios sociais para a população.
Essa idéia foi apresentada e no ano seguinte na Rio 92, e a resposta foi zero. Os Estados Unidos até hoje não assinaram o Tratado de Kioto, de redução de emissões. A China declarou recentemente, que os interesses ambientais não se sobrepõem aos econômicos. Os países ricos preferem financiar organizações não governamentais para vigiar a Amazônia, sem nenhuma preocupação com os 21 milhões de habitantes da região.
Ainda, na mesma época, através do IDESP, então presidido pelo economista Aluisio Tadeu Marques, iniciamos os estudos do Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE) para ordenar o processo de ocupação do espaço regional e explorar de forma eficiente a vocação natural de cada município da Amazônia, que agora só agora começa a sair do papel. O velho discurso sobre a Amazônia, como região intocável e uniforme, portanto, não pode mais ser tolerado.. Tanto as riquezas quanto o povo daqui tem ampla diversidade. As dificuldades e problemas também são diversos e é preciso entender suas peculiaridades para que alguém – pelo menos – possa começar algum discurso.
Os planos, ações e projetos sobre a Amazônia não podem ser idealizados e concretizados, a partir de algum bar de Ipanema, sem antes ser debatidos com os habitantes da região. O I Congresso das Cidades Amazônicas, realizado em Belém, nesta última semana e organizado pela FAMEP- Federação dos Municípios do Estado do Pará, tem um marco divisor ao dar voz aos representantes municipais da região amazônica. Nas cidades é que se processa a realidade vivenciada pela população. Decidir um futuro com equilíbrio ambiental, mas principalmente com desenvolvimento social e econômico para a Amazônia é papel que cabe aos amazônidas e a seus representantes.
Os habitantes da Amazônia compreendem os novos tempos de empreender e manter o equilíbrio ambiental e, em um ano, ofereceram ao mundo uma grande demonstração de consciência ecológica, ao garantir a maior redução do desmatamento dos últimos anos, mesmo debaixo de operações oficiais humilhantes, que confundiram produtores e trabalhadores como “bandidos desmatadores”.
A sustentabilidade da Amazônia é importante para o Planeta. E o amazônida sabe disso, já que foi ele que garantiu para o Brasil e o mundo a atual preservação. Fato que os países mais desenvolvidos não conseguiram realizar. Devastaram as suas principais riquezas naturais. Agora é hora do povo amazônida receber as justas compensações. Desenvolvimento sustentável pressupõe equilíbrio ambiental com evolução social e econômica para todos os habitantes da região.
A Amazônia precisa de menos discursos e mais recursos para acelerar o seu desenvolvimento sustentável.
JADER BARBALHO
*Texto originalmente publicado no jornal Diário do Pará no dia 29 de novembro de 2009
Essa idéia foi apresentada e no ano seguinte na Rio 92, e a resposta foi zero. Os Estados Unidos até hoje não assinaram o Tratado de Kioto, de redução de emissões. A China declarou recentemente, que os interesses ambientais não se sobrepõem aos econômicos. Os países ricos preferem financiar organizações não governamentais para vigiar a Amazônia, sem nenhuma preocupação com os 21 milhões de habitantes da região.
Ainda, na mesma época, através do IDESP, então presidido pelo economista Aluisio Tadeu Marques, iniciamos os estudos do Zoneamento Ecológico-Econômico (ZEE) para ordenar o processo de ocupação do espaço regional e explorar de forma eficiente a vocação natural de cada município da Amazônia, que agora só agora começa a sair do papel. O velho discurso sobre a Amazônia, como região intocável e uniforme, portanto, não pode mais ser tolerado.. Tanto as riquezas quanto o povo daqui tem ampla diversidade. As dificuldades e problemas também são diversos e é preciso entender suas peculiaridades para que alguém – pelo menos – possa começar algum discurso.
Os planos, ações e projetos sobre a Amazônia não podem ser idealizados e concretizados, a partir de algum bar de Ipanema, sem antes ser debatidos com os habitantes da região. O I Congresso das Cidades Amazônicas, realizado em Belém, nesta última semana e organizado pela FAMEP- Federação dos Municípios do Estado do Pará, tem um marco divisor ao dar voz aos representantes municipais da região amazônica. Nas cidades é que se processa a realidade vivenciada pela população. Decidir um futuro com equilíbrio ambiental, mas principalmente com desenvolvimento social e econômico para a Amazônia é papel que cabe aos amazônidas e a seus representantes.
Os habitantes da Amazônia compreendem os novos tempos de empreender e manter o equilíbrio ambiental e, em um ano, ofereceram ao mundo uma grande demonstração de consciência ecológica, ao garantir a maior redução do desmatamento dos últimos anos, mesmo debaixo de operações oficiais humilhantes, que confundiram produtores e trabalhadores como “bandidos desmatadores”.
A sustentabilidade da Amazônia é importante para o Planeta. E o amazônida sabe disso, já que foi ele que garantiu para o Brasil e o mundo a atual preservação. Fato que os países mais desenvolvidos não conseguiram realizar. Devastaram as suas principais riquezas naturais. Agora é hora do povo amazônida receber as justas compensações. Desenvolvimento sustentável pressupõe equilíbrio ambiental com evolução social e econômica para todos os habitantes da região.
A Amazônia precisa de menos discursos e mais recursos para acelerar o seu desenvolvimento sustentável.
JADER BARBALHO
*Texto originalmente publicado no jornal Diário do Pará no dia 29 de novembro de 2009
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