Escolas de Santarém adotam livros didáticos amazônicos

Os livros didáticos, como o próprio nome define, são recursos pedagógicos para ajudar no processo ensino-aprendizagem em sala de aula. A questão é que a maioria deles retrata a realidade do Sul e Sudeste do país, o que prejudica a identificação do aluno com o conteúdo apresentado e que pouco sabe sobre a história e a geografia da Amazônia. 

A Editora Estudos Amazônicos surge com a proposta de preencher esta lacuna. Sediada em Belém e com apenas um ano e meio em atividade, já tem um catálogo de cerca de 50 livros didáticos e paradidáticos produzidos por professores de renome em suas respectivas áreas, a maioria do corpo docente da Universidade Federal do Pará. E estes livros agora começam a chegar às escolas do Baixo Amazonas, em especial Santarém, onde integrarão a grade curricular de 2013.

Durante esta semana, Paulo Palmieri, diretor executivo da Editora, está em Santarém para se reunir com diretores das principais escolas da cidade, que estão exatamente na fase de escolha dos livros didáticos e paradidáticos do próximo ano. “A intenção é que estes livros produzidos na Amazônia, por pesquisadores da Amazônia, proporcionem aos alunos uma visão de dentro para fora, e não de fora para dentro, como sempre ocorreu”, explica Palmieri. 

E essa importância de se levar conteúdos, personagens e aspectos locais para os livros é destacado por professores. 

“Os livros não substituem o professor, que é peça-chave para o conhecimento, mas é difícil para ele falar sobre algo que os alunos não reconhecem. A visão histórica dos livros didáticos se faz pela ótica do centro-sul do país e isso cria uma distorção não só na forma como somos vistos por estas regiões como também na forma como nos vemos”, analisa o professor Mauro Cézar Coelho, um dos que está à frente da coleção Estudos Amazônicos. “O que pretendemos com livros didáticos e paradidáticos amazônicos é permitir que a criança se alfabetize a partir do trato com sua própria trajetória, com a paisagem que ele reconhece, com sua comunidade retratada. Não precisamos mais educar os alunos com livros ilustrados com casinhas com chaminés nem na base do ‘Ivo viu a uva’, elementos que não fazem parte da cultura local”, destaca.

“A primeira memória que qualquer aluno tem da história do Brasil é sobre a independência do país. Pouco ou nada se sabe sobre a história local, porque o contato com a literatura didática sempre foi produzida de fora para dentro. A história local se distancia demais, ela não está nos livros. Ao corrigir isso, apresentamos a Amazônia como parte da história da humanidade”, destaca a professora Amélia Bemerguy, também uma das autoras da coleção, direcionada ao aluno do 6º ao 9º ano do ensino fundamental. “Assim, permitimos que o aluno não reconheça só Dom Pedro como personagem histórico, mas compreendam sua rua, sua comunidade, como personagens históricos. Só assim estaremos formando sujeitos sociais ativos”, frisa Márcia Pimentel, também uma das autoras da coleção.

Fonte: Esperança Bessa/Assessora de comunicação Editora Estudos Amazônicos

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