Jacareacanga: Emater capacita índios Munduruku na produção de farinha e seus derivados
Da Redação
Agência Pará de Notícia
Trinta famílias indígenas da etnia Munduruku, em
Jacareacanga, oeste do estado, participam até a próxima sexta-feira, 8, de uma
oficina sobre a cultura de farinha de mandioca e seus derivados. Ministrado por
técnicos da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará
(Emater), com duração de 40 horas, o curso acontece na Aldeia Jacarezinho, a 20
quilômetros da sede do município, com acesso apenas pelo rio Tapajós.
Distribuído em duas etapas, o curso envolve módulos
teóricos e práticos. As instruções abordam desde as técnicas de cultivo,
plantio, espaçamento e manejo adequado da cultura, até a comercialização do
produto. Todos os processos são realizados por meio da Emater em parceria com a
Prefeitura Municipal de Jacareacanga. A aldeia tem hoje cerca de cinco hectares
de área plantada de mandioca, com produtividade de 10 toneladas por cada
hectare. Com a adoção das técnicas de cultivo pelos indígenas, a Emater
pretende dobrar a produtividade da lavoura.
Essa é a primeira vez que um curso com esta
finalidade chega à aldeia Jacarezinho. A farinha de mandioca, considerada um
gênero de primeira necessidade pelos Munduruku, não era fabricada adequadamente
por conta da forma com que o material era processado e também pelas técnicas de
cultivo adotadas, o que comprometia o valor nutricional. A farinha produzida
pelos índios para o consumo tinha cor escura e sabor azedo.
Na prática, os indígenas aprendem a forma ideal de
fazer a farinha e o procedimento da lavagem da mandioca para a retirada total da
sujeira, com intuito de garantir um produto de qualidade e sabor agradável. O
excedente da farinha processada na aldeia já tem destino garantido. Com o apoio
da Emater, o produto será direcionado à comercialização nos supermercados de
Jacareacanga, onde o quilo será vendido a R$ 4,00.
O cacique da aldeia, Osmarino Munduruku, disse que
a capacitação tem grande importância para a comunidade indígena não apenas do
ponto de vista do beneficiamento da mandioca, mas, sobretudo devido ao processo
de pubagem (amolecimento) da raiz do tubérculo. "Antes
jogávamos tudo no rio, hoje fazemos isso em caixas d’água", explicou.
Segundo Raimundo Delival, da Emater, o processo de pubagem feito no rio acabava
poluindo as águas. “Orientamos os indígenas a comprar as caixas. Agora
eles deverão adquirir outros materiais que ajudem a garantir um melhor
processamento da mandioca”, enfatizou o técnico.
Outros cursos de produção e beneficiamento de
farinha e seus derivados já estão programados para ocorrer até o final deste
ano. A próxima aldeia a ser contemplada será a Kató, a dez horas de barco da
sede de Jacareacanga. O curso começa em 8 de abril. Até o final do ano, a
Emater estima a capacitação de 300 indígenas.
Fonte: Iolanda Lopes - Emater
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