Itaituba: Mais uma morte no trânsito. De quem é a culpa?

Por Diego Mota 

A preocupação toma conta dos moradores de Itaituba com a notícia de mais uma morte no trânsito. A vítima foi um policial abnegado, respeitado e cumpridor de seus deveres. Enquanto muitos ainda questionam se o crime foi acidental ou proposital, por se tratar de um militar, a pergunta que não quer calar é: Até que ponto chegaremos com esta carnificina nas ruas de Itaituba? Quando deixaremos de tratar esse assunto com naturalidade e passaremos a encarar de frente esta situação? É provável que brevemente, se não for preso, o suspeito de causar o acidente se apresente na delegacia fora do flagrante, orientado por um bom advogado. A julgar pelos últimos episódios e pela nossa branda legislação, possivelmente, o atropelador pagaria fiança e responderia o processo em liberdade. Mas, como se trata de um membro da Polícia Militar não é difícil vislumbrar que haverá mobilização e pressão por uma investigação eficiente e para que haja justiça para o caso. 

Essa não é uma visão pessimista do crime em questão, é uma constatação da realidade. Podemos destacar nos últimos dias os casos que antecederam esta fatalidade: Um idoso morre ao ser atingido por um carro em alta velocidade na travessa João Pessoa, até agora, o responsável não foi identificado e a família chora a perda do ancião. Um ciclista é atingido por trás na rodovia transamazônica enquanto ia para casa, o atropelador não está preso. Um ônibus em alta velocidade atinge uma moto em uma via relativamente tranquila no residencial Wirland Freire, detalhe, havia cinco pessoas na moto. O trânsito está tão complicado que até na marcha para Jesus teve acidente, ninguém se entende, até cavalo foi vítima, na cavalgada da Expoagro, realizada recentemente. Sem falar nas inúmeras colisões diárias onde se quebram braços, pernas, cabeças... Traumatismos que vão desaguar na emergência do hospital municipal de Itaituba, nos corredores do pronto Socorro de Santarém até chegar à longa fila de espera do Hospital Regional. Os prejuízos são enormes para o sistema de saúde, para a previdência social que fica com um rombo maior e para as famílias das vítimas que ficam com a renda comprometida.  O pior é que, de tão frequente, passamos a banalizar essa problemática, tratar os acidentes com naturalidade e comodismo, esquecendo-se de que podemos ser nós mesmos a próxima vítima. 

Aí você me pergunta: De quem é a culpa? A culpa é do pedestre que atravessa a rua com fone de ouvido ou atento ao celular, do motoqueiro que pilota sem capacete, faz zig-zag e circula com passageiros acima do limite permitido, do motorista que trafega em alta velocidade, sem atenção ou embriagado. A culpa é dos políticos que precisam criar leis e projetos de organização do trânsito, do poder público responsável pela sinalização eficiente nas ruas e avenidas da cidade, dos órgãos fiscalizadores que deveriam estar mais presentes nas vias, inibindo os infratores. Mas não é apenas isso, há um grande número de pessoas habilitadas que não estão, de fato, preparadas para o trânsito. O problema está na formação desses condutores nas auto-escolas, falta ainda uma política de orientação e sensibilização nas próprias escolas e um maior envolvimento da sociedade organizada na Educação para o trânsito. O problema também está em você que permite seu filho menor de idade dirigir um carro ou pilotar uma moto, em você que pede para uma pessoa influente retirar seu veículo com documentação atrasada do órgão de trânsito. Ou seja, o problema é de todos nós!  

Pode ser que daqui a alguns dias este último acidente, mesmo diante da revolta e comoção, seja esquecido e entre apenas para as estatísticas da violência desenfreada no trânsito. Porém, vale destacar que o Sgt./PM Araújo, mesmo em sua morte, prestou um grande serviço ao nosso município nos mostrando que é preciso refletir e debater este assunto com urgência para que mais pessoas de bem não sejam vítimas do caos que se tornaram as ruas de Itaituba.


* Diego Mota é Vereador, Pedagogo, Jornalista - DRT 2694/PA.

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