SESAI promove o I Encontro de Saberes do povo Munduruku.
Com a iniciativa da comunidade do Polo Base Missão Cururu (PA), a Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI) promoveu, por intermédio do DSEI Rio Tapajós, de 12 a 16 de agosto, o I Encontro de Saberes da Medicina Tradicional do Povo Munduruku. A metodologia do projeto foi proposta pela comunidade por meio da escuta e da vivência e práticas exitosas para a promoção do ensinamento aos mais jovens, cuja preocupação é manter a preservação do conhecimento e a prática da medicina tradicional.
Mariza Kabá Munduruku, presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena (Condisi), esclareceu que a iniciativa para a realização do evento surgiu da preocupação dos anciões, pajés e parteiras com o aprendizado dos jovens. “Nosso povo, principalmente os mais velhos, que sabem de muitas curas a partir das raízes, plantas da floresta, rituais de pajelança, estão receosos com a perda de interesse dos jovens em aprender esses saberes”, enfatiza.
Experiências exitosas
O encontro, que contou com cerca de 400 participantes, foi aberto na sede da aldeia Missão São Francisco com danças, músicas e rituais dos pajés. Nos dias subsequentes, foram organizados grupos com parteiras, puxadores, benzedores e pajés – referências das dez aldeias pertencentes ao Polo Base – para o trabalho com vivências exitosas de práticas tradicionais no tratamento da malária, diarreia, gripe, gastrite, pressão arterial alta, dor na coluna e dores no corpo, cuidado com a criança e a gestante e picadas por animais peçonhentos.
O pajé Floriano Muo Munduruku enalteceu a importância do evento, devido ao pouco interesse dos jovens em aprender os saberes, o que tem enfraquecido a medicina no território. “Meu povo precisa estar mais atento, dar mais importância à medicina tradicional, pois sabemos de muitas curas, cuidados com a saúde das nossas crianças”, explicou.
Conhecimento e interação – A coordenadora distrital Cleidiane Carvalho Ribeiro dos Santos participou do encontro e disse que tem visto “comunidades indígenas adotarem iniciativas de promoção da interculturalidade”. Para ela, “isso é compreender o quanto a medicina tradicional é importante para os cuidados com a saúde dos povos indígenas no território”. Ela também destacou a importância da interação com as equipes de saúde, considerando que se deve trabalhar em conjunto os cuidados com a saúde, conciliando saberes e promovendo a prevenção e o tratamento de doenças que acometem principalmente crianças na fase do desenvolvimento picadas por animais peçonhentos. “É a promoção do respeito e da credibilidade por esses saberes por meio dos jovens, que serão os futuros preservadores desses conhecimentos”.
O DSEI Rio Tapajós atende as populações indígenas Munduruku, Munduruku-cara-preta, Kaiapó, Kayabi, Apiaká, Ava-canoeiro, Tembé, Cumaruara e Maitapu, totalizando 12.570 indivíduos distribuídos em 142 aldeamentos. Dos 11 Polos Base, nove estão localizados no município de Jacareacanga, um em Itaituba e um em Novo Progresso, sendo que todos possuem Equipes Multidisciplinares de Saúde Indígena (EMSI). O DSEI Rio Tapajós conta, ainda, com quatro Casas de Saúde Indígena (Casai) nos municípios de Itaituba, Jacareacanga, Novo Progresso e Santarém, todos no Estado do Pará.
Por Comunicação / SESAI – DSEI Rio Tapajós
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