Entenda passo a passo o porque da revolta dos Munduruku.

Na tarde do dia 02 passado, o delegado de policia civil veio a Jacareacanga recambiar para Itaituba os acusados Alan dos Santos, conhecido como jogador, Samuel Moraes e uma garota de programa conhecida como Kely.

O recambiamento dos acusados causou revolta aos Munduruku que conforme sua cultura queriam fazer justiça com as próprias mãos. “Nosso costume é que quem mata por motivo fútil tem que morrer da mesma maneira”, disse Cardoso Munduruku.

Por volta das 22 horas do dia 02 os guerreiros cercaram o destacamento policial de Jacareacanga, com o objetivo de deter o Sargento PM Cajado e mais 3 policias do destacamento. Mas os militares conseguiram escapar numa viatura da policia, deixando para trás armamentos pesados e pertences pessoais.

Em fúria os guerreiros Munduruku que naquele momento eram cerca de 50 indígenas, invadiram o destacamento e atearam fogo no prédio. Os guerreiros se apoderaram dedois fuzis de uso exclusivo da policia.

Com a fuga da policia militar, a cidade de Jacareacanga ficou a mercê dos Munduruku que no dia 03 já passavam de 150 guerreiros. O clima ficou tenso quando os Munduruku isolaram o perímetro do entorno do destacamento policial. Os comentários de invasão de prédios públicos e do comércio local implantou um clima de terror no centro da cidade.

Mas as lideranças indígenas desmentiram os boatos argumentando em um canal de televisão local que o objetivo do movimento seria reivindicar as autoridades o recambiamento dos acusados de assassinato para Jacareacanga. “Nós queremos fazer justiça conforme o nosso costume. O nosso parente foi morto de forma covarde e cruel e os assassinos vão pagar da mesma forma”, disse Rosildo Saw Munduruku.

No dia 03 o centro da cidade amanheceu parado. Não houve expediente nas repartições públicas e a maioria do comercio local não abriu as portas e nem nas escolas houve aulas. “Preferimos dispensar os alunos por medida de segurança”, disse um professor que não quis se identificar.

No dia 04 os guerreiros já demonstraram impaciência e já planejavam fazer um novo movimento para chamar a atenção das autoridades. No meio da tarde chegou a Jacareacanga um avião com o delegado regional da policia civil Edinaldo Sousa e com o procurador da FUNAI chamado de Sóstenes.

Durante a reunião com as autoridades não houve acordo. Os guerreiros Munduruku reivindicaram ao delegado Edinaldo o recambiamento dos prisioneiros para Jacareacanga. “É impossível atender essa reivindicação. É de responsabilidade do Estado a segurança dos prisioneiros”, disse Edinaldo.

Uma das lideranças informou às autoridades que a partir daquele momento todos estavam impedidos de deixarem a cidade. “Então nós queremos a presença do governador do estado e do Juiz que cuida do caso do assassinato do Lelo Akay. Os senhores só deixaram a cidade quando o nosso pedido for atendido. Os senhores vão com a gente pra aldeia comer peixe com farinha até que o governador e o juiz venham conversar com a gente”, disse Valdeni Munduruku. O Delegado Edinaldo Sousa e o procurador da FUNAI foram conduzidos sem serem hostilizados pelos guerreiros Munduruku a um hotel da cidade.

Fonte: Nonato Silva/Jacareacanga.

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