Índio que fugiu de hospital é achado em pátio de supermercado em Cuiabá
Eurico Munduruku foi encontrado por policial à paisana em estacionamento.
Ele fugiu do Pronto-Socorro da capital após sobreviver a confronto com PF.
Eurico Munduruku |
A Polícia Militar localizou na tarde desta sexta-feira (16) o índio
Eurico Kiurixim Munduruku, de 52 anos, que estava desaparecido há cinco
dias em Cuiabá após fugir do Pronto-Socorro da capital pela porta da
frente da unidade hospitalar na última segunda-feira (12).
De acordo com a polícia, Eurico foi encontrado por um policial que
estava à paisana no estacionamento de um supermercado no bairro Tijucal.
Segundo o cabo Antônio Lino, do 9º Batalhão da PM, o indígena não
reagiu com a chegada da viatura. “Ele agiu de maneira pacífica quando os
policiais e uma equipe da Funai chegaram para resgatá-lo. Ele estava
muito sujo e teria andado a pé até a região do Tijucal”, informou o
policial.
Ao G1, o coordenador da Fundação Nacional do Índio
(Funai) em Cuiabá, Benedito César Garcia Araújo, afirmou que Eurico será
levado, primeiramente, para a Casa do Índio, onde vai se encontrar com
um filho dele que deixou a aldeia para localizá-lo. Em seguida, ele
deverá retornar ao Pronto-Socorro para concluir o tratamento. “Ele está
com uma fratura exposta no braço que precisa ser cuidada. Depois do
primeiro atendimento na Casa do Índio ele vai retornar ao hospital”,
confirmou o coordenador.
Eurico e mais um outro indígena da etnia Munduruku, identificado como
Edvaldo Mores Borô, de 44 anos, foram encaminhados para o Pronto-Socorro
de Cuiabá após se ferirem no confronto ocorrido no dia 7 com agentes da
Polícia Federal durante uma ação da Operação Eldorado na aldeia Teles
Pires, na divisa de Mato Grosso com o Pará. Outros quatros indígenas e
mais quatro agentes federais também se feriram. Um indígena acabou morto
ao ser atingido por pelo menos três tiros.
De acordo com o técnico indigenista, José Eduardo Costa, que esteve no
pronto-socorro, Eurico estava apreensivo. "Uma assistente social disse
que ele reclamava que estava mal instalado no corredor e se sentia
apreensivo”, disse.
o G1, a Polícia Federal, via assessoria de imprensa,
disse que Eurico não estava detido na unidade e, portanto, podia
circular livremente. A assessoria ainda ressaltou que teve conhecimento
de que ele tentou fugir no último sábado (11), mas não obteve êxito.
Investigação
A operação Eldorado foi desencadeada para coibir a extração ilegal de ouro em Mato Grosso e outros seis estados. A Justiça Federal expediu 28 mandados de prisão e outros 64 de busca e apreensão. O conflito ocorreu quando os agentes tentavam destruir uma balsa, supostamente, utilizada na extração ilegal de ouro no rio Teles Pires.
A operação Eldorado foi desencadeada para coibir a extração ilegal de ouro em Mato Grosso e outros seis estados. A Justiça Federal expediu 28 mandados de prisão e outros 64 de busca e apreensão. O conflito ocorreu quando os agentes tentavam destruir uma balsa, supostamente, utilizada na extração ilegal de ouro no rio Teles Pires.
Para cumprir um mandado judicial, os agentes da PF utilizaram além de
armamento não-letal, armas convencionais. A Polícia Federal abriu
inquérito para apurar se o índio morto no conflito foi atingido por um
disparo efetuado por um dos delegados que comandou a operação.
Durante as investigações, os agentes federais apontaram a participação
de lideranças indígenas no esquema criminoso. De acordo com o
superintendente da PF, César Augusto Martinez, a operação vai entrar na
segunda fase quando os crimes de lavagem de dinheiro serão apurados.
Nessa fase, os índios serão investigados. Treze índios da aldeia
Munduruku, inclusive, vão responder na Justiça pelos crimes de desacato e
resistência. Entidades ligadas aos Movimentos Sociais repudiaram a ação
e, em uma representação encaminhada ao Ministério Público Federal (MPF)
classificaram a atuação da PF como truculenta.
Fonte: G1/MT
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