MPF quer investigar a morte de índio
Um índio da etnia munduruku que havia sido ferido durante confronto na
quarta-feira com policiais federais e estava desaparecido, foi
encontrado morto às margens do rio Teles Pires, que corta os estados do
Pará e Mato Grosso, segundo informação divulgada pela Fundação Nacional
do Indio (Funai) em Jacareacanga, município do lado paraense. A PF tem
agido na região para desmontar um esquema de exploração ilegal de ouro
que envolve índios, garimpeiros, empresários e até um oficial da
Marinha. A ação policial atinge também os municípios de Itaituba,
Jacareacanga e Novo Progresso.
Em Alta Floresta (MT), o
coordenador da Funai, Clóvis Nunes, disse que o pai da vítima informou
ao órgão que o filho dele, Adenilson Crixi Munduruku, de 30 anos, foi
morto com quatro tiros, um deles na cabeça, disparado por um dos
policiais federais, durante o confronto em que outros dois índios e
quatro policiais saíram feridos. Uma equipe de saúde da Funai de
Jacareacanga viajou para a aldeia onde ocorreu o confronto para recolher
o corpo do índio na manhã desta sexta-feira e levá-lo para Santarém,
onde será submetido à perícia. A direção da Funai em Brasília ainda não
se pronunciou sobre o caso.
Enquanto o órgão que tutela os índios
brasileiros se mantém calado, um total de 51 entidades sociais e
partidos políticos divulgaram um manifesto contra a ação policial,
caracterizando-a como uma demonstração de “descaso, violência e
destruição das terras e dos povos indígenas”. Elas também exigem
apuração rigorosa sobre as circunstâncias que deram origem ao confronto.
O Ministério Público Federal também entrou no caso ao encaminhar um
Oficio à presidente da Funai e ao superintendente da Polícia Federal no
Mato Grosso, solicitando informações oficiais sobre o conflito.
Um primo da vítima disse em Alta Floresta que o rapaz foi morto quando
os policiais federais chegaram de helicóptero no local. Os dois índios
feridos por disparos da PF foram atendidos no hospital regional de Alta
Floresta. Um deles, Edivaldo Mores Borö, foi alvejado com um tiro de
fuzil no braço e outro nas costas. Os dois foram transferidos para o
hospital regional do município de Sorriso, no Mato Grosso.
Tensão
Nunes
informou que 17 índios pernoitaram na quarta-feira (7) em Alta Floresta
e posteriormente foram levados para a Polícia Federal em Sinop, onde
prestaram depoimento. Ele definiu o clima na aldeia como “tenso” e
“grave”. A Funai não descarta a existência de outros índios feridos e
procura localizá-los em hospitais de Mato Grosso. “A exploração de
garimpo no interior da aldeia existe há mais de 30 anos. Ela é feita em
forma de flutuante, por meio de balsas e mergulho, quem mora aqui sabe
do funcionamento deste garimpo e os índios ganham uma porcentagem desta
exploração”, disse Nunes. Os Ministérios da Justiça e da Defesa, além do
comando do Exército e a direção do Ibama devem se reunir com o comando
nacional da Funai para discutir a situação.
A PF, que também tem
evitado prestar informações sobre o caso, apenas informou que os índios
foram atingidos por balas de fuzil porque atacaram os policiais federais
com flechadas e disparos de arma de fogo.
Fonte: Diário do Pará
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