O PT no Pará é Barbalho
Lucio Flavio Pinto
O PMDB é elemento essencial na estratégia do PT para a eleição do
próximo ano. Por esse ângulo se explica que o partido não apresente
candidato próprio para a eleição de governador no Pará. Em contextos
nacionais o Pará não conta, é ignorado. O PMDB pode ter incluído o Pará
na bandeja da negociação, feita diretamente pelo vice-presidente Michel
Temer com a presidente Dilma Rousseff.
Daí ela receber o senador Jader Barbalho num jantar, em Brasília, no
final do mês passado, para selar um acordo que já fora antecipado: o PT
apoiará o candidato peemedebista ao governo, que deverá ser o filho do
senador, Helder Barbalho, ex-prefeito de Ananindeua. E terá apoio para a
candidatura de Paulo Rocha ao Senado. Não se sabe se o cargo de
vice-governador foi reservado para a chegada de outro partido aderente,
mas é possível.
Muitos petistas paraenses não gostaram. A aliança é incomoda e será
explorada pelos adversários durante a campanha eleitoral. Nesse caso, o
passado condena. Pode até haver algum ensaio de rebelião, mas a
presidente costuma baixar sua mão pesada de Brasília. Mesmo que a
insubmissão chegue até o diretório estadual, a direção nacional poderá
intervir e fazer cumprir o acerto feito durante o jantar brasiliense.
Se a aliança nacional é suficientemente decisiva para que o PT se
submeta aos interesses de Jader Barbalho no Pará, ainda assim ela não
anula uma conjectura: que tipo de serviços o senador presta ao PT no
poder federal para torná-lo conviva da intimidade da presidente em
Brasília?
Uma coisa é certa: divididos, os dois partidos tornarão mais forte a
candidatura do governador Simão Jatene à reeleição. Nessa hipótese, a
força de Jader como o grande eleitor em todas as últimas eleições para o
governo (cargo para o qual já não tem cacife suficiente para a vitória)
estaria prejudicada. Ela só será eficiente com um acordo, como
mostraram tanto a vitória de Ana Júlia Carepa sobre Almir Gabriel quanto
a sua derrota para Jatene.
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