Para: Centro oferece atendimento especializado para pacientes com Down

“Meu filho é um presente de Deus”, descreve Rosa Nunes, 60, mãe de Bernardo Nunes, 15. Ela engravidou aos 44 anos e descobriu, ainda na gravidez, que o filho nasceria com síndrome de Down.

Rosa e o esposo foram comunicados que havia 99% de chances do filho nascer com alguma síndrome. “Após descobrir que era Down, em nenhum momento chorei. Estávamos preparados psicologicamente. Meu filho nasceu no dia do aniversário de 13 anos da minha filha mais nova. Disse a ela, que a chegada do Bernardo era o seu presente de aniversário. Ele é o nosso presente. É aceito pela família toda, amado e muito querido”. 

Bernardo é um dos pacientes com Síndrome de Down que são tratados no Centro Integrado de Inclusão e Reabilitação (CIIR), em Belém. Inaugurado em maio de 2018, o CIIR, primeiro do tipo da região Norte, realiza a reabilitação dos usuários do SUS no Pará, com síndrome de Down, por meio da atuação de equipe multiprofissional, além do serviço de apoio e diagnóstico, que inclui uma série de exames especializados.

O CIIR contempla as reabilitações físicas, intelectual, auditiva e visual, onde a síndrome de Down está classificada em duas vertentes: a primeira intelectual, para melhoria de déficit cognitivo, interação social e atividades da vida diária, e na reabilitação física, para fortalecimento muscular, equilíbrio e motricidade fina e autonomia pra autoestima, de modo que o paciente possa desenvolver suas atividades no campo de ensino, artes, cultura, esporte, lazer e profissionalmente.

O filho de Rosa iniciou o tratamento no CIIR em 2018 e, em cinco meses, segundo os profissionais que o atendem, já demonstra uma resposta satisfatória.

A mãe elogia a estrutura e o atendimento recebido no Centro. “Quando cheguei aqui e me deparei com toda a estrutura, percebi que o paciente tem a liberdade de correr, de ver a grama, o céu. Verifiquei que eles têm acesso a outras terapias especializadas na reabilitação. Realmente me emocionou. Isso tudo me deixou muito segura e feliz, pois já tinha informações sobre o atendimento prestado e pude comprovar que é mesmo tudo o que o Bernardo precisava. Eu agradeço a Deus pelo o CIIR”, reconheceu.

Rosa citou ainda outros momentos emocionantes e importantes para a evolução do filho: quando ele começou a identificar e usar as cores em pinturas e quando começou a tocar um instrumento após acesso à musicoterapia. “Para quem não pintava, para quem não conseguia segurar um lápis, e agora faz tudo isso, é muito surpreendente. Foi um resultado muito rápido. Meu filho está evoluindo na musicoterapia. Só tenho elogios aos envolvidos no atendimento oferecido ao Bernardo no CIIR. Ele sempre foi bem assistido e eu sempre fui atendida de imediato em minhas solicitações junto à diretoria”, reconheceu a mãe.

Admissão do paciente

O atendimento aos usuários com síndrome de Down no CIIR inicia após o diagnóstico, que não é feito na Unidade. Ao ser admitido no centro pelo médico especialista, geralmente, fisiatra ou geneticista, o paciente é encaminhado para a avaliação global e, em seguida, para a reabilitação pela equipe multiprofissional que, por sua vez, elabora um plano terapêutico, levando em consideração as necessidades de cada paciente.

A equipe médica atua no protocolo de atendimento aos usuários, na admissão do paciente e no seu encaminhamento à avaliação global e às especialidades médicas, para acompanhamento ambulatorial, realizado no próprio CIIR, conforme comorbidade, que é a existência de duas ou mais doenças em simultâneo na mesma pessoa.

Segundo a médica neuropediatra do CIIR, Regina Célia Beltrão Duarte, o cuidado do paciente com a síndrome tem algumas diretrizes, como a compreensão ampliada do processo saúde e doença, e “a definição compartilhada das metas terapêuticas e o comprometimento dos profissionais, da família e do próprio paciente com SD”. “Essa diretrizes propiciam os resultados positivos na saúde física e mental”, ressaltou a médica.

Atendimento

No CIIR, os usuários com Síndrome de Down são atendidos por uma equipe multiprofissional: bucomaxilofacil, enfermeiros, fisioterapeutas, fonoaudiólogos, psicólogos, psicopedagogos e terapeutas ocupacionais. A atuação da equipe inclui diversos procedimentos e terapias de reabilitação, e, caso haja necessidade, outras podem ser utilizadas, como odontologista, nutricionista, musicoterapia, entre outros, além do que comumente é oferecido pelo protocolo de atendimento preconizado aos pacientes.

“Nossa área de atuação é bem extensa. A avaliação desse usuário leva em consideração as Atividades de Vida Diária (AVD) e, se necessário, são inseridos na Tecnologia Alternativa e Integração Sensorial”, informou o terapeuta ocupacional Rafael Carlos Gomes. Segundo ele, a atuação desse profissional é, principalmente, em relação às áreas de desempenho, deficitárias do paciente com síndrome de Down, que envolvem a educação, trabalho, lazer, participação social e o brincar.

Outro profissional importante no atendimento aos pacientes com síndrome de Down, assim como os demais da equipe multidisciplinar, é o pedagogo. No CIIR, a pedagoga assistencial Francisca de Paula, especialista em neuropsicopedagogia, atua na avaliação global e no diagnóstico psicopedagógico, que detecta as dificuldades de cada um.

“Aqui, temos a oportunidade de trabalhar com cada profissional, atuando com foco no que o paciente com Síndrome de Down precisa tratar, dentro da sua área de conhecimento. Isso é muito importante, já que nem sempre isso é possível na escola. As deficiências tratadas por essas áreas auxiliam no aprendizado de modo geral”, destacou Francisca.

Um fator primordial para o atendimento é a anamnese, feito pelo enfermeiro. É o momento onde são colhidas informações sobre o paciente e seus familiares, fazendo um histórico de saúde completo, que auxiliará no atendimento. “A nossa atuação é muito importante, pois contribuímos nos três principais momentos, quando ele é atendido: admissão, avaliação global e reabilitação”, ressaltou a enfermeira Samara Paiva.

Segundo o diretor Executivo do CIIR, o administrador José Luz Batista Neto, o objetivo do centro é reabilitar o paciente para o cotidiano de uma vida, com todas as suas particularidades, peculiaridades e necessidades pessoais, de modo que ele consiga levar uma vida normal, considerando a sua deficiência. “Sabemos que é possível que o paciente leve uma vida sem nenhum déficit. Temos, inclusive, um programa no CIIR, onde futuramente, iremos prepará-los para o mercado de trabalho”, disse.

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