Pará: Ana Júlia discute com Hugo Chávez rota de navios entre Pará e Venezuela

Da Redação
Agência Pará

CARACAS - A governadora Ana Júlia Carepa está em Caracas, para discutir com o presidente Hugo Chávez acordos de cooperação comercial e na área do conhecimento entre o Pará e a Venezuela. Uma das principais propostas que o governo paraense apresentará ao presidente venezuelano é a abertura de uma rota regular de navios cargueiros da estatal Albanave (Aliança Bolivariana de Navegação) com contêineres refrigerados entre o porto de Vila do Conde e a Venezuela.

O objetivo da proposição é ampliar e intensificar as relações comerciais entre o Pará e os países do Caribe, com foco nas exportações de produtos como carne, polpas de frutas, pescado e madeira beneficiada. Em reunião, na manhã desta terça-feira (10), com os 32 membros da missão paraense, formada por empresários e dirigentes de órgãos dos governos estadual e federal, a governadora destacou que Hugo Chávez tem grande interesse nesse intercâmbio com o Pará. "Depois de duas visitas recentes do presidente venezuelano ao Pará, nossas exportações para a Venezuela dobraram", disse.

Gás - Na via de mão dupla da rota de navegação entre o Pará e o Caribe, os governos paraense e venezuelano estudam a viabilidade logística para implantação, em Barcarena e Marabá, de termelétricas com estrutura para fazer o processo de regaseificação do gás natural que viria da Venezuela em estado líquido. "Trata-se de uma energia limpa, compatível com a economia verde e de baixo carbono que defendemos", frisou Ana Júlia. Segundo a governadora, essa alternativa energética é apoiada, no Pará, pela Eletronorte e por parceiros da área privada, como a Gás Pará, autora do projeto da termelétrica em Barcarena. O gás natural pode ser usado pela indústria em geral, por padarias e como combustível para automóveis, com baixo custo.

"Temos infraestrutura logística para sustentar os acordos que estamos discutindo", garantiu a governadora, destacando que as obras do PAC no Pará incluem a ampliação do Porto de Vila do Conde e a construção de mais um terminal em Barcarena, com acesso pelo mar.
Para a governadora, os interesses que movem as relações com a Venezuela não são apenas comerciais, mas técnicos e culturais. Prova disso, são as reuniões que ela teve pela manhã com ministros de diversas áreas: Saúde, Ciência, Tecnologia e Ciências Internacionais, Obras Públicas e Habitação, Agricultura e Educação Superior.

Petrocasa - A agenda de negócios entre Pará e Venezuela inclui também estudos de utilização de resíduos de petróleo como material de construção de casas, com custo baixo e rápida montagem. Nesta quarta-feira (11), a missão paraense visitará obras e casas construídas com esse tipo de material ecológico.

Os acordos preveem ainda cooperação técnica entre povos indígenas do Pará e da Venezuela, no sentido de se ampliar o aproveitamento da mandioca naquele país. Atualmente, a yuca (como é chamada a mandioca no país) só oferece como derivados a farinha e o beiju.

Enquanto a governadora Ana Júlia se reúne com ministros e com o presidente Hugo Chávez, empresários paraenses e venezuelanos participam de rodadas de negócios no Banco de Comércio Exterior, em Caracas.

Embora os compromissos da missão paraense se estendam até esta quinta-feira, a governadora retorna no final desta terça-feira para o Brasil, onde tem encontro com o presidente Lula para avaliar os resultados das operações Arco Verde e Terra Legal.
Antes da missão, o titular da Secretaria de Desenvolvimento, Ciência e Tecnologia, Maurílio Monteiro, esteve na Venezuela, em maio, para alinhavar os acordos. Depois disso, missões governamentais venezuelanas estiveram no Pará em junho e outubro.

Além da governadora e de Maurílio, integram a comitiva do governo, entre outras autoridades, os secretários de Agricultura, Cássio Pereira; da Justiça e Direitos Humanos, Fábio Filgueiras; a secretária de Pesca e Aquicultura, Socorro Pena; e o presidente do Basa, Abdias José de Souza Júnior.

João Vital - Secom


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